quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO

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O Parlamento Europeu definiu 2012 como o “Ano Europeu do envelhecimento activo e da solidariedade entre gerações”. Visava a iniciativa contribuir para que as pessoas com mais anos pudessem partilhar experiências, continuar a ter papel activo na sociedade, viver de maneira saudável, independente e preenchida.

O enunciado, em termos gerais, dos objectivos em vista permite reflexões mas ou menos aprofundadas, limitando-se este apontamento a algumas bastante ligeiras.

É interessante verificar a utilização do termo “envelhecimento”. Isto porque, de há muito, é considerado socialmente incorrecto falar-se de pessoas velhas. Talvez por medo do uso da palavra velho, tem a mesma sido substituída por sénior, terceira idade (cada vez mais próxima da quarta), idoso. Mas, afinal, velho significa, apenas, que tem mais anos não tendo de implicar trapo ou objecto inútil que só serve para deitar fora: se há novo, há velho, se há se há branco, há preto, etc.! Não consta que alguém se tenha lembrado de falar do “sénior do Restelo”!

De facto, há palavras que queimam (velho, deficiente, etc.) não por si mesmas mas antes pelas conotações que carregam.

Talvez seja mais fácil passar ao lado de certas palavras do que converter-se à forma correcta de tratar as realidades que elas enunciam, esquecendo conotações negativas e até abjectas.

Quanto a levar os velhos (cada vez em maior número) a ter condições para viverem se maneira saudável, independente e preenchida, é verdade que vão aparecendo diversos meios de melhoria do estado de saúde, de maior integração na sociedade, sobretudo levando as pessoas a integrar-se nos mais variados grupos, onde têm oportunidades de relacionamento que lhes permitem partilhar várias experiências e até conhecimentos resultantes das formas de vida por que foram passando

Se falarmos de independência, talvez tenhamos de concluir que as coisas aí são menos simples: além da independência ser condicionada, também, pelas condições físicas, há, ainda, problemas da existência, ou não, de meios materiais e a necessidade da participação da família, quando a houver, que não se pode alhear das suas obrigações para com os que têm o direito básico de não ser abandonados – e a esse direito poderá corresponder a obrigação de alguém.

Finalmente, no que respeita aos velhos continuarem a ter papel activo na sociedade, e não sendo de considerar a hipótese de o fazerem através do exercício de uma actidade remunerada, é cada vez mais imperativa a necessidade da criação de oportunidades de os mesmos se ocuparem de tarefas diversas de que podem resultar benefícios para a comunidade em que se integram, cabendo aqui as mais variadas acções no âmbito, designadamente, do Voluntariado Social.

Também não serão despiciendas todas as actividades que sirvam para essas pessoas preencherem, de forma útil, os seus tempos livres, mantendo ocupações de que resulta benefício essencialmente para si próprias, permitindo-lhes conservar as suas capacidades físicas e mentais, mantendo-se, também por isso, auto suficientes por mais tempo.

O envelhecimento, mais ou menos activo, é de facto um problema do nosso tempo e exige que se trabalhe para que cada vez menos possa ter aplicação aos velhos um “recado” deixado por D. Helder Câmara (bispo brasileiro):

“Quando assistires

À retirada dos andaimes,

Contempla, é claro,

O edifício que surge.

Mas pede pelos andaimes,

Pois é duro

Servir de suporte

À construção,

Ser necessário à obra,

E, na hora da festa,

Ser retirado como entulho!”

António M. de Carvalho

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