quinta-feira, 26 de maio de 2011

História Comparada das Religiões

 

Um Rabi fala de Judaísmo

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No âmbito da cadeira de História das Religiões, que tem vindo a ser leccionada pelo Pe. Mário Duarte, tivemos, no passado dia 19 de Maio, a visita do Rabi Salas da Comunidade Judaica de Belmonte. Desde antes da Páscoa que foram desenvolvidos contactos na perspectiva de realizarmos uma Ceia Pascal Judaica, para vivermos um acontecimento tão importante para esta religião mãe do Cristianismo que a ela foi buscar ensinamentos, princípios, tradições, celebrações que ainda hoje influenciam a forma como cultuamos o Deus que a ambas é comum. Não foi possível concretizar esse primeiro desejo mas pudemos agora contar com a presença deste chefe religioso que, simpaticamente aceitou o convite do Pe. Mário para vir até nós.

Assim tivemos oportunidade de o ouvir falar sobre o nascimento do judaísmo com Abraão, a sua continuação com os outros patriarcas, a libertação da escravatura do Egipto com Moisés, a organização como povo na terra de Canaã, a sua sobrevivência nos vários exílios a que tem estado sujeito.

A propósito da Libertação pormenorizou a Festa da Páscoa (Pessach), explicando a data em que ocorre, a forma como é celebrada durante sete dias, os alimentos que a compõem e o significado de cada um deles. Esta festa é a maior expressão de alegria porque nela se juntam o sentimento humano e o sentimento religioso.

Falou igualmente de outras festas salientando o Yom Kippur, ou Grande Perdão, o Rosh Hashanah ou Ano Novo (estão no ano de 5761) e o Shavuot ou Pentecostes, dia da recepção da Lei por Moisés.

Explicou que todos os números referidos na Bíblia são simbólicos devendo ser intrepertados por uma ciência chamada Gematria que está relacionada com a Cabala, sendo esta outra ciência que só pode ser estudada quando já se atingiu a maturidade, ou seja, a idade de quarenta anos. Também os nomes têm significados próprios que, geralmente, estão relacionados com acontecimentos que ocorrem durante a gestação da criança. Acreditam que o nome é determinante na vida da pessoa.

Quanto a Deus a quem são dados, na Bíblia, vários nomes, ensinou que esses nomes têm a ver com a forma como Deus se manifestou. O nome tem um corpo definido e cumpre uma função. Deus é um ser incorpóreo, portanto não tem nome nem tempo. Ele é dono do tempo que foi por Ele criado. Para Deus tudo é presente.

Sobre o judaísmo na actualidade disse ter várias linhas: ortodoxos, liberais, reformistas e outros. Isto acontece por causa da libertação/emancipação que se iniciou após a revolução francesa. Foi a partir dela que os judeus puderam estudar conjuntamente com outros povos e assimilar diferentes formas de pensar que influenciaram a sua maneira de viver a fé. Porém a base é sempre a Lei Judaica, consignada no Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia).

Falou também sobre a forma como no judaísmo é vista a família. Esta é forte e unida. O dia de descanso, o sábado, é para Deus e para a família. Reza-se e convive-se em família particularmente com os filhos com quem se conversa e se brinca.. Assim a família vive numa união muito forte que vai fortalecer a sociedade. É essa uma das razões por que este povo, apesar da sua dispersão pelo mundo se mantém sempre unido e solidário. Um judeu ajuda sempre outro judeu quem quer que ele seja ou onde quer que esteja.

Muitas outras coisas foram ditas, perguntadas e respondidas. A terminar, o Rabi Salas deixou-nos um convite. visitarmos a comunidade judaica de Belmonte

Foi uma aula diferente e enriquecedora que terminou com um agradável almoço com todos os que dele quiseram participar.

Bom será que experiências como esta possam repetir-se. Conviver com aqueles que professam um credo diferente do nosso, conhecer os seus valores e as suas convicções só pode deixar-nos mais esclarecidos e mais respeitadores daqueles que nos rodeiam.

Susete Ferreira

4 comentários:

Hercília disse...

Sem dúvida, Susete! Penso que com o tempo, vamos ficando mais sábios (???).Li, algures, um pensamento de Ghandi, que dizia que a melhor religião é aquela que conseguir aproximar-nos mais de Deus, ou seja, a que nos torna mais fraternos, tolerantes, pacientes, pacíficos e desapegados das coisas do mundo. Por isso, devemos respeitar os credos que têm todas essas virtualidades. Hercília.

susete disse...

Obrigada Hercília. è isso mesmo. Vários podem ser os caminhos mas o Amor a Deus e ao Próximo têm de estar sempre presentes. Respeitar é a palavra certa, porque o respeito é superior à tolerância.
Susete

Anónimo disse...

Embora com algum atraso, quero agradecer à Senhora D. Susete o resumo que fez do encontro com o Rabi Salas. Considerei bastante útil, sobretudo para as pessoas que, com eu, não puderam estar presentes.

António M. de Carvalho

Teresa Lemos disse...

Por motivos pessoais,não me foi possivel assistir, mas com tal explicação dada pela colega Susete,fiquei com mais alguns conhecimentos sobre a vinda do Rabi . Obg.pela partilha de conhecimentos.
Teresa Lemos

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